As candidaturas foram feitas tanto por aliados do governo quanto pela oposição
CPMI iniciou os trabalhos no dia 25 de maio Foto: Agência Senado/Jefferson Rudy |
A recém-criada Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos de 8 de janeiro está operando em regime de "guerra" de pedidos. Em apenas três dias de funcionamento, parlamentares do governo e da oposição já apresentaram 396 pedidos de providências a serem tomadas pelo colegiado.
Nos bastidores, deputados e senadores tentam conciliar suas demandas, longe dos holofotes das sessões presenciais, que podem acabar levando ao andamento da investigação e sobrepondo-se a certas narrativas. Não há limite de candidaturas, mas os deputados devem convencer os seus colegas da necessidade de aprovar os seus pedidos.
O recordista de pedidos é o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), que foi responsável por 82 documentos que pedem desde convocações de ex-ministros do governo Jair Bolsonaro (PL), como Anderson Torres, até aliados do presidente. Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além do secretário do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Marcos Amaro.
Os pedidos de depoimentos de suspeitos e testemunhas constituem a maioria dos pedidos dos deputados. Medidas administrativas também estão listadas aqui. O deputado Duda Salabert (PDT-MG), por exemplo, solicitou à Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) todos os dados relacionados aos atos do dia 8 de janeiro. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) pediu ao Palácio do Planalto e ao Supremo Tribunal Federal (STF) todas as imagens feitas no dia da invasão dos Três Poderes.
Em uma guerra de pedidos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) usou os poderes de polícia da CPMI para pedir pleno acesso ao inquérito do STF em que seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), é investigado por suspeita de incitamento. à ação. A defesa do ex-presidente alegou que o ministro Alexandre de Moraes, relator da apuração dos atos no STF, os impedia de acessar as denúncias para formular sua estratégia de defesa.
Os aliados de Bolsonaro são responsáveis por 168 dos 396 pedidos. O ex-presidente ordenou que seus deputados e senadores se concentrassem inteiramente na CPMI em detrimento de outros movimentos de direita, como as manifestações convocadas pelo deputado indiciado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) na tentativa de reconquistar o mandato.
Há também medidas voltadas para o enfrentamento político. O deputado Rogério Correia (PT-MG) apresentou pedido na última quinta-feira (25) exigindo a quebra do sigilo telefônico e telemático de Bolsonaro. No requerimento, Correia argumenta que “a devastação dos prédios dos Três Poderes da República decorre da atuação reiterada de diversos atores políticos insatisfeitos com a derrota eleitoral.
Outros aliados de Lula, como a senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA), que é vice do ministro da Justiça, Flávio Dino, também pediram a convocação do ex-ministro e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022, general Walter Braga. Líquido.
São sete pedidos de intimação contra o ex-titular do GSI de Bolsonaro, general Augusto Helen, para explicar a atuação do setor de inteligência do governo em situações de crise que antecederam o dia 8 de janeiro. Entre eles, o monitoramento dos acampamentos montados em frente ao quartel e as ações no centro de Brasília no dia 12 de dezembro, quando Lula foi eleito presidente.
Parlamentares da base de Lula usaram revelações da Polícia Federal (PF) de que o ex-aliado de Bolsonaro, Ailton Barros, tramava um golpe com o ex-assessor Mauro Cid para abrir cinco processos contra Ailton e outros quatro contra. Cid. São três pedidos de depoimento contra o ex-secretário de Segurança Pública Anderson Torres.
O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) pediu em seu único requerimento que o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos, enviasse documentos relacionados à atuação da corporação no dia 8 de janeiro.
Até o momento, foram protocolados 243 pedidos de intimação e três convocações para depoimentos. Há ainda outros 32 pedidos de quebra e transferência de segredos bancários, telemáticos e telefónicos dos suspeitos. Outros 118 documentos encaminhados à diretoria da CPMI são pedidos de informação do poder público.
Fonte: revistaoeste