Zelenskyy nega Lulu sobre desacordo na cúpula do G7

"Não deu certo por nossa causa", disse o presidente ucraniano


Volodymyr Zelensky e Lula Foto: EFE/EPA/UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE | EFE/André Borges

Volodymyr Zelensky e Lula Foto: EFE/EPA/UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE | EFE/André Borges


O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyi, negou as alegações do governo brasileiro de que um encontro bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no G7 não aconteceria porque ele não compareceu no horário agendado. Zelenskyy afirmou que o encontro não aconteceu por causa da Ucrânia e enfatizou que já se dispôs a se encontrar várias vezes com o petista; mas para isso é preciso vontade do lado brasileiro.

– Não é a primeira vez que digo isso publicamente, também já disse diretamente ao presidente e volto a repetir que quero conhecê-lo. Já me ofereci para marcar reuniões em qualquer formato. Já convidei várias vezes o presidente Lulu para ir à Ucrânia. Estivemos em contacto com a equipa dele quando esteve em Espanha e Portugal, pensei na altura porque a distância era mais curta e talvez ele arranjasse algum tempo. Tive várias reuniões bilaterais no G7. Disseram que não tentamos ou tentamos encontrá-lo, isso não é verdade. Gente séria, substancial não fala isso - disse Zelenskyy em entrevista à Folha de S. Paulo.

O presidente ucraniano também disse esperar que seja criada uma nova oportunidade de diálogo com os líderes brasileiros.

– [Os brasileiros] podem ter suas próprias opiniões sobre qual deve ser o caminho para a paz. Ok, estamos conversando, somos civilizados. Mas precisamos conversar. E para que haja uma conversa, deve haver uma vontade. Já me preparei muitas vezes para conhecê-lo [Lula]. Acredito que uma nova oportunidade será criada. Algo não deu certo [na reunião] do G7, não quero entrar em detalhes, mas definitivamente não foi por nossa causa que não deu certo - enfatizou.

Além disso, Zelenskyi avaliou a posição do Brasil de que não apoia a criação de um tribunal internacional especial que julgaria crimes de guerra contra a Ucrânia.

– O presidente Lula quer ser original. E nós temos que dar a ele essa oportunidade. Agora você tem que responder a algumas perguntas muito simples. Primeiro: o presidente acha que assassinos devem ser condenados e presos? Eu acho que se ele tiver a chance, ele vai dizer sim. Ele encontrará tempo para responder a essa pergunta? Ele não encontrou tempo para se encontrar comigo, mas talvez tenha tempo para responder a essa pergunta. E então ele responderá que os assassinos devem ser presos - previu.

O líder ucraniano também alertou que a vitória de seu país é crucial para evitar uma terceira guerra mundial.

– A Rússia não vai parar na Ucrânia, vai continuar tentando atacar outros países. Irá para outros países, incluindo os da OTAN. E então a OTAN irá à guerra para defender seus membros, e pode ser a Terceira Guerra Mundial. Uma guerra como a nossa, híbrida, com ataques cibernéticos, valas comuns, tortura, mas em vários países. A Ucrânia é uma espécie de medida de precaução. Nossa capacidade de se recuperar, de vencer, é de certa forma uma prevenção contra uma grande tragédia mundial - alertou.

Em entrevista ao jornal O Globo, o Itamaraty respondeu à declaração de Zelensky, dizendo que foram oferecidos três horários diferentes para conversas bilaterais, mas os ucranianos não aceitaram nenhum.


Fonte: pleno.news

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